sexta-feira, 22 de abril de 2011

Meu primeiro amigo curitibano

"Frei" Diogo agora anda de bike. "Minha culpa, minha tão grande culpa"

Diogo Mendes aderiu ao pedal. E, ao que parece, a "culpa" foi minha. Diogo foi meu primeiro amigo curitibano. Conheci esse figura aos 15 anos, quando me mudei de Araraquara para essa fria capital sulista, nos idos de 1999, e fui estudar o 2º colegial no colégio estadual Senador Xavier da Silva, ali na Silva Jardim. Ainda me sentia bem deslocado nessa cidade e não fazia muita questão de conquistar novos amigos, já que os "de verdade" haviam ficado lá, no interior de São Paulo.
 Mas o Diogo quebrou minha resistência aos curitibanos. Atleticano, homem de fé, com fala mansa e um jeitinho meio caipira,  no melhor sentido do termo -- ele é de Umuarama, no Noroeste do estado --, ele é daquele tipo de gente que, quem conhece de verdade, acha impossível não tê-lo em conta no seleto grupo dos "melhores amigos".
Simples assim. E essa amizade resistiu até mesmo à "separação" do colégio. Chegamos a trabalhar juntos como "xeroqueiros" na Universidade Tuiuti do Paraná. Pouco tempo depois, Diogo e sua família -- que inclui o Daniel, cópia fiel do Diogo e, claro, gente boníssima -- se mudaram para Boston, nos EUA, para refazer a vida longe da violência brasileira, que ceifou a vida de seu pai. Fui me despedir deles no aeroporto de Curitiba e lembro perfeitamente da estranha sensação de "perder" uma pessoa querida ainda viva. 
Mesmo assim, a amizade também sobreviveu à distância, graças a internet. Uns dois ou três anos depois, Diogo voltou ao Brasil, na tentativa de virar frei -- uma espécie de padre que só não pode rezar missa, segundo me explicou. Mas a empreitada acabou não dando certo -- aí, particularmente, acho que o que pegou foi aquela parada de voto de castidade --, e ele acabou voltando para a vida de Boston. 
Agora, para minha surpresa, descubro que meu amigo começou a pedalar. "Comecei a trampar de magrela há duas semanas. Não tem sido todo dia porque ainda está fazendo um friozinho de 'gelar a moleira do caboclo'", relata Diogo, lá do hemisfério Norte. Quando faz sol, ele pedala; quando não faz, não. "Mas tem dias que a meteorologia marca chuva e não chove, dá uma raiva!". 
Segundo ele, pedalar nos States é bem tranquilo. "As ruas são largas e os motoristas respeitam bastante. O trajeto que eu faço tem uma parte com ciclovia e o resto eu  uso a rua mesmo". Segundo ele, buracos existem tanto aqui quanto lá, mas o respeito dos americanos aos ciclistas faz com que "buracos" se tornem mais preocupantes do que o próprio trânsito. (Que inveja! Quem dera nossos problemas fossem apenas este!) 
Diogo conta que gastou US$ 110 para comprar a bike. Colocou mais alguns acessórios e fez uma manutenção, pela qual não desembolsou mais de US$ 50. "Pelas minhas contas eu estou economizando mais ou menos esse valor por mês. Eu gastava de gasolina semanalmente US$ 40 e mais US$ 5 de pedágio, sem contar troca de óleo e a manutenção básica do carro", calcula. 
Agora, à revelação: "Comecei com a idéia de comprar uma magrela por tua culpa, Alexandre. Eu via seus posts no Facebook e comecei pensar nessa idéia". No fim, além da economia, parece que meu grande amigo descobriu que a bike também oferece muito mais! É isso mesmo, Diogo! Keep cycling! I miss you, brother! 

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