quarta-feira, 1 de junho de 2011

Unilever promove o uso da bike, mas só na propaganda

Bicicleta é instrumento de marketing para promover suco Ades. Mas, na prática, funcionários da Unilever são proibidos de pedalar.  

Cada gesto conta, diz o slogan da gigante Univeler. Fabricante do sorvete ao desodorante, do sabão em pó ao lubrificante íntimo, a empresa tem apostado em campanhas ecologicamente corretas, incentivando hábitos de vida saudáveis que deixam a vida mais feliz. Como se a realidade fosse, de fato, um comercial de Doriana -- marca, aliás, que pertence à multinacional. 
Nessa investida, a  Unilever resolveu incentivar o uso das bicicletas através de suas contas no Twitter (@UnileverBrasil) e no Facebook. Em seu perfil, a empresa divulga frases como "Andar de bicicleta ao ar livre não é só um exercício físico mas também um momento para relaxar o corpo e a mente". Atitude mais que louvável. Pena que, ao que tudo indica, tudo isso se trata de "greenwashing" -- termo usado para designar empresas que usam o "marketing verde" mas que, na prática, têm atitudes menos nobres e sustentáveis. 
Ontem surgiu no próprio Twitter a denúncia de um funcionário de que a Unilever proibiu os trabalhadores de sua unidade na Faria Lima, em São Paulo, de irem ao trabalho de bicicleta. A justificativa seria a de que qualquer acidente no percurso representaria um acidente de trabalho, podendo expor a empresa. Em pouco tempo, centenas de ciclistas de todo o país retuitaram a informação, replicada também em blogs do movimento cicloativista.
Questionada pelos usuários sobre essa atitude, no mínimo esquizofrênica, a empresa não se pronunciou até o momento. A questão que fica em aberto é: será que a Unilever faz greenwashing de forma tão deslavada, ou a ideia de jerico partiu de algum funcionário do RH? Seja o que for, ficou muito, muito feio!!!
A se confirmar, essa política vai na contramão de tudo o que é feito hoje pelas empresas mais avançadas em relação a sustentabilidade. Não são poucas as companhias, inclusive no Brasil, que incentivam seus funcionários a adotar esse meio de transporte saudável e ecologicamente correto. Quanto ao risco de acidente, ele também existe para quem anda de carro, moto, ônibus, metrô ou mesmo para quem anda a pé. A premissa, portanto, é infundada.  
Talvez a decisão se mantenha -- o que demonstra, no mínimo, uma atitude feudal por parte da empresa. Maa pode ser que essa política seja revista, mas não por um surto de arrependimento, e sim porque a resposta pode vir na parte mais sensível de qualquer empresa: o bolso. Inconformados com a atitude e o silêncio da Unilever, muitos consumidores já propõem um boicote aos produtos da marca.

Atualização

A Unilever se pronunciou sobre o episódio através de sua conta no Facebook:
Leia o posicionamento da empresa: 
"O exercício físico é essencial para uma vida saudável e, internamente, a Unilever possuí um programa bastante estruturado para cuidar da qualidade de vida de seus funcionários. Sobre o meio de transporte entre residência e loc...al de trabalho , a Unilever não estabelece normas , e nem poderia, pois trata-se de uma decisão pessoal de cada um. Recomendamos apenas que cada funcionário avalie as condições de segurança do ambiente em que circula e tome sua decisão. Em nosso escritório principal, por exemplo, existem biciletário e estacionamento de motocicletas. Para aqueles que optam por automóvel, recomendamos a prática de carona solidária e preferência por etanol à gasolina, como forma de reduzir o impacto sobre a emissão de gases de efeito estufa. Obrigado!"

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