terça-feira, 31 de maio de 2011

Pedalada cavernosa - Gruta do Bacaetava (Colombo)

Para esquentar o domingo frio e ensolarado, minha esposa e eu resolvemos colocar as bikes no asfalto. O destino escolhido foi Colombo, na região metropolitana de Curitiba, com o objetivo de conhecermos o Parque Municipal da Gruta do Bacaetava, passeio que há tempos vínhamos adiando. Bacaetava, em tupi-guarani, significa "caminho que corre por declives". O nome não poderia ser mais apropriado.
Saímos por volta do meio-dia. No centro de Curitiba pegamos a canaleta da Av. João Gualberto, que depois vira Avenida Paraná, sentido Santa Cândida. Passando o terminal seguimos reto e pegamos a Rodovia da Uva (PR-417). Este trecho entre Curitiba e Colombo revelou-se assustador: tráfego pesado de carros e caminhões e uma pista com o acostamento completamente estrito e esburacado. Mesmo assim, decidimos continuar.
A situação melhorou a partir do centro de Colombo. Passando a cidade, continuamos pela Rodovia da Uva, que fica mais tranquila e com uma paisagem bem interessante. A estrada margeia pequenas propriedades onde se vê plantações de alface, tomate, brócoli, couve...uma verdadeira salada a céu aberto! Também passamos por alguns lagos e trechos de mata fechada. O relevo, claro, alterna subidas e descidas pesadas. Pelo caminho também tem alguns restaurantes italianos, vinícolas e armazéns que fazem parte do Circuito Italiano, iniciativa que busca incentivar o turismo na região. Mas como o relógio estava apertado, acabamos parando apenas para comer umas maçãs e laranjas que levamos na mochila.
Chegamos ao Parque Municipal Gruta do Bacaetava por volta das 16 horas. Logo na entrada há um posto de atendimento, onde perguntamos se havia bicicletário. Como não tem, fomos autorizados a prender as bicicletas em uma cerca de bambú. Apesar da falta de estrutura para os ciclistas, a impressão foi bem positiva. Há uma boa estrutura para os visitantes, com banheiros limpos, água filtrada, um jardim bem cuidado e uma pequena exposição com fotos da caverna, estudos geológicos da região e algumas informações sobre a formação da gruta do parque. 
As visitas guiadas ao interior da caverna ocorrem de hora em hora. É obrigatório o uso do capacete -- no nosso caso, usamos os nossos próprios capacetes de ciclista -- e a administração fornece ainda uma lanterna para cada dupla de visitantes. 
A gruta em si é um espetáculo. Logo na estrada já dá um misto daquela curiosidade e empolgação de criança diante de algo novo e misterioso. A formações rochosas no interior da caverna, com seus estalactites e estalagmites, compensaram todo o esforço da pedalada. Dentro da caverna há um lençol freático -- responsável, segundo o guia, por aquela formação. O engraçado foi que, logo atrás de nós, uma senhora bem humilde discutia com a filha se aquilo era "coisa feita" ou não. Ela garantia que não, mas a filha custava a acreditar. Rimos da situação, mas achamos prudente não entrar na polêmica.
Mesmo com o guia, foi possível caminhar sozinho e explorar algumas galerias e se sentir um "Indiana Jones". Uma pena que esquecemos a câmera fotográfica e tivemos que registrar o passeio com a câmera do celular, que não tem flash. Assim, perdemos a chance de tirar boas fotos no interior da gruta. 
A exploração espeleológica durou cerca de 40 minutos. Depois pegamos o caminho de volta -- com duas subidas de "arrancar o couro" logo de cara e algumas paradas para a Andreza descansar.
Pegamos aquele trecho perigoso entre Colombo e Curitiba já no cair da noite, o que deixou a viagem um tanto quanto tensa. Naquele horário, muitos carros voltavam de chácaras com motoristas possivelmente bêbados e certamente em alta velocidade. 
A tranquilidade só voltou quando entramos no perímetro urbano de Curitiba. Lá no Santa Cândida paramos no supermercado para dividirmos duas coxinhas um kibe e uma Coca-Cola (R$ 10,00). Nessa altura, já de noite, o frio bateu forte. Chegamos em casa por volta das 19 horas, com a temperatura de 8ºC e o odômetro registrando 77 quilômetros pedalados.  

Serviço: o Parque Municipal Gruta do Bacaetava fica localizado na rua Antônio Gasparin, s/n, Bacaetava. O atendimento é de quarta-feira a domingo, das 8h30 às 16h30. A entrada é gratuita. Informações: 3656-5669.



Fotos do pedal

Lá no Alto do Santa Cândida

Pedalando

Pausa para o almoço. No cardápio: maçã

Curva a direita

Cycling and smiling

Na entrada do Parque 

Alí está "de", mas é Gruta do Bacaetava

Gruta do Bacaetava

Na falta de bicicletário, a cerca de bambú resolve! 

Capacetes de ciclistas e exploradores

Na entrada da gruta

Into the bat cave!









Lanchinho da tarde: laranja! 





Homenagem ao ciclista Mário Baena

Bicicletada em homenagem ao ciclista morto enquanto treinava na BR-277.
O que precisamos é de mais respeito aos ciclistas para que tragédias como essas não se repitam a cada dia.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Reportagem - Balanço Geral (Record-PR)

Reportagem - Tribuna da Massa (SBT - PR)

Fundada a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu


Texto e fotos via Bicicleteiros.com.br

Por ADMIN

Curitiba, que na propaganda é a Capital Ecológica, no dia a dia de quem precisa se locomover já se tornou a Capital do Caos Motorizado – segundo o censo do IBGE 2010, Curitiba é a capital com maior número de veículos por habitante. O transporte coletivo que no passado já foi considerado modelo, hoje obsoleto e um dos mais caros do Brasil, atende precariamente seus usuários.
É nesta realidade que nasce a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu, com mais de 50 associados assinando a ata de fundação, em ato ocorrido neste domingo, dia 22 de maio, às 16 horas no Solar do Barão. Data que marca também o encerramento da exposição MOB- Arte, Bicicleta e Mobilidade.

Plá, o Cantor das Bicicletas, mais um ilustre fundador da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu
A Associação tem sua origem num movimento coletivo e espontâneo, a Bicicletada, dela saem seus principais idealizadores. Jaques Brand, um deles, em seu animado discurso destacou a importância da Bicicletada enquanto embrião da Associação. Já Tiago Assunção, advogado e mestre em Educação, destaca o papel cultural e de conscientização que a entidade irá desenvolver, ele que será um dos coordenadores do Núcleo de Educação. Carlos Bellotto, coordenador do Ciclovida da UFPR, pautou uma primeira grande ação: divulgar de maneira ostensiva o Artigo 58 do Código de Trânsito que determina a preferência das bicicletas em vias que não existam ciclovias ou ciclofaixas.
Vale destacar que em recente pesquisa do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – são apresentados dados que se referem a uma média nacional das grandes cidades, nela apenas 1,64% das pessoas utilizam a bicicleta para seus deslocamentos diários. Este número poderia ser significativamente maior se houvessem vias para bicicletas e uma cultura de respeito aos ciclistas.

Jaques Brand, um dos pioneiros do cicloativismo em Curitiba
Como destaca Jorge Brand, “a Associação tem por objetivo fomentar a Cultura da bicicleta e também servir de um canal de diálogo com o poder público da cidade”. Reforçando esta ideia, o poeta e organizador dos trâmites legais da Associação, Rodolfo Jaruga, falou da importância e significado que a entidade traz à luta por melhores condições para os ciclistas.
Na próxima sexta-feira, dia 27 às 19 horas na reitoria da UFPR, acontecerá mais uma reunião na qual será finalizado o Estatuto e também composta a diretoria. Todos os ciclistas que tiverem interesse em participar e contribuir estão convidados. Sábado (28/05) pela manhã, como em todo último sábado do mês, acontece a BICICLETADA, concentração às 10h no pátio da UFPR, de onde os ciclistas saem em passeio pelas principais ruas do centro de Curitiba.
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Direto das ciclofaixas de Berlim



Berlim leva ao extremo o conceito “amiga das bicicletas”: sistema assegura trânsito seguro para ciclistas

OPINIÃO

Alexandre Nascimento, repórter e usuário de bicicleta

Publicado em 15/05/2011
O país que criou ícones do mundo automotivo como BMW, Mercedes-Benz, Audi e Volkswagen e que viu nascer o heptacampeão mundial de Fórmula-1 Michael Schumacher e o jovem talento Sebastian Vettel teria tudo para ser o “inimigo nº 1” das bikes. Mas, na Alemanha, bicicleta é usada como meio de transporte e respeitada por motoristas e pelo poder público.
Conheci Berlim e explorei-a sobre duas rodas. A cidade leva ao extremo a ideia de “amiga das bicicletas” (bike friendly).
A capital alemã conta com um invejável sistema de ciclovias e ciclofaixas ao longo das principais ruas em um sistema integrado que permite que qualquer cidadão vá e volte, em segurança, pedalando. As vias são bem sinalizadas e estão sincronizadas com semáforos exclusivos para os ciclistas.
Mas a experiência mais interessante ocorreu enquanto eu pedalava rumo a Alexanderplatz e a ciclovia se fundiu com uma via de circulação de ônibus. Acostumado a pedalar em Curitiba – em que os ônibus representam uma ameaça real –, me apressei em subir na calçada, quase desesperado, quando percebi um ônibus atrás de mim. Para minha surpresa, o motorista freou e sinalizou minha preferência, acompanhando, no ritmo da minha pedalada, até o meio do quarteirão, onde havia condições seguras de ultrapassagem.
Isso mostra o quão humilhante seria fazer uma comparação entre Curitiba e Berlim. Mas, se nossa cidade pretende manter sua imagem, já desgastada, de cidade ecológica, é imprescindível que a bicicleta faça parte dessa estratégia.
Faz sentido, por exemplo, gastar R$ 2,25 bilhões para construir uma linha de metrô de 14 quilômetros, distância que pode ser percorrida de bicicleta em 40 minutos?
A capital paranaense pode sim dar um grande passo civilizatório; mas, de bicicleta, podemos chegar lá bem mais rápido.

Bicicleta por todos os lados (Gazeta do Povo)


Hugo Harada/Gazeta do Povo
Hugo Harada/Gazeta do Povo / A Bicicletada ocorre simultaneamente em 200 cidades do mundo, inclusive em Curitiba, no último sábado do mês: segundo os ciclistas, as pedaladas têm o poder de transformar as cidadesA Bicicletada ocorre simultaneamente em 200 cidades do mundo, inclusive em Curitiba, no último sábado do mês: segundo os ciclistas, as pedaladas têm o poder de transformar as cidades


COMPORTAMENTO

Bicicletas para todos os lados

Ciclistas reúnem-se na capital em coletivos e eventos que têm como objetivo mudar a cidade pedalando
Publicado em 15/05/2011 | ALEXANDRE COSTA NASCIMENTO
A bicicleta deixou de ser apenas um meio de transporte: em Curitiba, ela se tornou ícone de uma causa coletiva. A despeito da falta de infraestrutura urbana – como ciclovias e ciclofaixas – e do ambiente hostil para quem pedala no trânsito da capital mais motorizada do país, a cidade vê o veículo de duas rodas se transformar em uma bandeira política, em torno da qual militam, lado a lado, “mauricinhos” e anarquistas, patrões e empregados, motoristas e pedestres.
Investimentos
Curitiba se mantém na contramão
Apesar da movimentação em torno da causa dos ciclistas, o poder público parece não se comover com o avanço das bicicletas.
Segundo dados do site Curitiba Aberta, um portal de transparência mantido pela prefeitura, a cidade não investiu neste ano sequer um real na rede de ciclovias da cidade, apesar de o orçamento deste ano destinar R$ 2 milhões para “implantação e revitalização da infraestrutura cicloviária do município”.
No ano passado, também não houve investimentos. O orçamento de 2010 previa R$ 2,27 milhões para as ciclovias. Uma revisão orçamentária reduziu a quantia para R$ 26 mil, um corte de 99,6%. Mesmo assim, o valor empenhado durante o ano todo foi igual a zero. Já para os gastos com divulgações das ações de governo, a prefeitura gastou, em média, R$ 2,75 milhões por mês, mais do que todo o orçamento anual previsto para criar uma infraestrutura para as bicicletas.
Direto das ciclofaixas de Berlim
O país que criou ícones do mundo automotivo como BMW, Mercedes-Benz, Audi e Volkswagen e que viu nascer o heptacampeão mundial de Fórmula-1 Michael Schumacher e o jovem talento Sebastian Vettel teria tudo para ser o “inimigo nº 1” das bikes. Mas, na Alemanha, bicicleta é usada como meio de transporte e respeitada por motoristas e pelo poder público.
Política segue na rede e em canções de protesto
A ONG Voto Livre fez da bicicleta o veículo para incentivar a população a participar da vida política da cidade. Formada por representantes da sociedade civil local, a entidade trabalha para apresentar um projeto de iniciativa popular na Câmara dos Vereadores de Curitiba que inclua a bicicleta como modal de transporte na cidade. A proposta prevê a destinação de 5% da malha viária local para a construção de ciclovias e ciclofaixas no modelo funcional – hoje as ciclovias da cidade são voltadas exclusivamente ao lazer.
A causa da bicicleta, defendida de forma isolada por diversos grupos organizados, vem se estruturando e ganhando força. O movimento já encontra representantes no meio cultural e artístico local, tem o apoio incondicional de ambientalistas e organiza encontros semanais e mensais. Além disso, estimulada por ONGs, a bicicleta virou instrumento para promover o exercício da cidadania e conta com a militância de pessoas comuns, que optaram pelo veículo movido a energia humana – ou, como preferem, “movido a arroz e feijão.”
No último sábado de cada mês, Curitiba se integra a mais 200 cidades em todo o mundo que organizam as chamadas “Bicicletadas”. O movimento, nascido na Espanha com o nome de Massa Crítica, tem como objetivo estimular o uso da bicicleta como veículo de transporte sustentável nas grandes cidades.
“Ganhando um porcentual cada vez maior de adeptos, teremos uma cidade mais silenciosa, menos poluída e com mais gente nas ruas. O pedestre e o ciclista vivem em outra cidade, que não a cidade do motorista”, defende o filósofo e ciclista Jorge Brand, que participa da Bicicletada de Curitiba. “Toda pessoa pode se tornar ciclista desde que a cidade ofereça condições de segurança, mas, na capital, não é isso que vemos acontecer”, avalia.
Ainda assim, a cidade reúne outros grupos em torno da mesma causa. O Curitiba Cycles Chic, por exemplo, promove uma aliança entre o mundo da moda e o do pedal, pregando que é possível pedalar com estilo – vestindo terno e gravata ou roupas de grife.
A agenda ciclística curitibana conta ainda com dois outros encontros semanais: o Pedala Curitiba, realizado pela pre­­­feitura todas às terças-feiras e o Curitiba Bike Night, que ocorre nas noites de quinta-feira.
O ciclista Roberto Coelho conta que o grupo começou em 2000, como uma reunião de oito amigos que se encontravam após o expediente para um passeio. “Com o tempo a coisa cresceu, começaram a aparecer os amigos dos amigos”, conta o criador do grupo.
Com o número de ciclistas aumentando, a prefeitura de Curitiba passou a apoiar as pedaladas noturnas, cedendo dois batedores da Diretran para acompanhar o grupo. Até que, há cerca de quatro anos, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer “incorporou” o evento na agenda oficial do município, rebatizando-o de “Pedala Curi­­­tiba”. Com a mudança de data do evento oficial para as terças-feiras, o grupo “original” permaneceu se encontrando às quintas e hoje reúne cerca de 80 pessoas, pouco menos que o Pedala Curitiba, que tem média de 120 ciclistas por edição.
Ciclistas unidos
Os ciclistas curitibanos trabalham agora para reunir os diversos movimentos em torno da bicicleta em uma associação que dê força política ao movimento. A entidade, provisoriamente batizada de Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu, deverá ser formalmente constituída no próximo domingo (22). “Vamos unir todos esses grupos que operam de forma dispersa. O objetivo é conseguir alavancar ganhos mais concretos para a bicicleta na cidade”, explica Goura.
Segundo ele, desde 2005, o coletivo Bicicletada Curitiba já participou de reuniões com prefeitos, vereadores, e técnicos do Instituto de Pesquisa e Pla­­nejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), mas sem grandes avanços. “Tudo depende da vontade política. Há alguns anos houve o anúncio da reforma na Avenida Cândido de Abreu. Pedimos para que o uso da bicicleta fosse incluído no projeto, o que não foi feito. A rede cicloviária da cidade é precária, ruim tanto para o ciclista quanto para o pedestre”, critica.