Ciclovia na "Capital Ecológica": modelo de planejamento tornou-se ultrapassado |
passado de glórias, Curitiba deixou de pensar no futuro e empacou. Hoje,
sufocada no congestimento de sua imensa frota poluidora – proporcionalmente
a maior do país –, a cidade perdeu até mesmo a capacidade de pensar.
O planejamento, a inovação e a preocupação com a ecologia – antes nossas
marcas registradas --, sucumbiram e o pensamento político provinciano hoje
vende “a construção do metrô” como símbolo da chegada do progresso nas
terras do Sul.
Mas existe uma alternativa simples para trazer a vida de volta às ruas da
cidade. Só que, enquanto os nossos técnicos do Ippuc prometem “estudos” que
nunca ficam prontos, cidades realmente inteligentes já saíram na frente,
implantando a bicicleta como modal de transporte urbano.
O modelo existe faz tempo e funciona bem em Amsterdam, Paris, Londres,
Barcelona, Sevilha e Nova York. Ainda assim, bicicleta como meio de
transporte não é sonho impossível ou coisa de “Primeiro Mundo”. O que nos
faz subdesenvolvidos é justamente a incapacidade de perceber o óbvio: hoje,
nada simboliza melhor o conceito de mobilidade urbana sustentável do que boa
e velha “magrela”.
Percebendo isso, cidades brasileiras como Recife, Blumenau, João Pessoa e
Rio de Janeiro integraram as bicicletas ao cotidiano de suas ruas, assim
como as vizinhas Buenos Aires e Bogotá -- que antes era considerada a cidade
mais violenta do mundo e hoje é case sobre como resgatar o papel de espaço
público de convivência na urbe. Já Curitiba não tem um prefeito que pedala
nem mesmo para ficar bem na foto enquanto a Câmara Municipal sequer tem um
bicicletário.
Incentivar o uso das bikes não é algo que exija obras faraônicas ou grandes
investimentos, mas sim visão de futuro e boa vontade política. Um programa
de bicicletas de aluguel integrado aos terminais de ônibus, bicicletários em
prédios públicos e comerciais, campanhas de conscientização e incentivo ao
uso desse meio de transporte são medidas baratas e modernas. A solução não é
construir mil quilômetros ciclovias e ciclofaixas – embora isso ajude, as
faixas exclusivas segregam, enquanto o objetivo é justamente o de integrar.
A bicicleta tem direito de circular de forma compartilhada nas vias
públicas; é lei e quem pedala sabe disso perfeitamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário